quarta-feira, 10 de junho de 2009

Azul

Estou calmo e certo do que quero. Não posso querer outra coisa, por isso estou certo do que me resta. Aos poucos vejo-a passar. Vejo-a sair sem dizer adeus. Para onde vai, não sei. É transferida pelos tubos que me estão ligados. Puxam com força estes tubos. Não, não posso. Não consigo estar calmo e vê-la ir-se assim embora sem fazer nada. Num repente, quase no fim, retiro os tubos violentamente. Um a um, retiro-os. Sai o primeiro, o segundo, mais um e outro. Sai o último, mas não adianta. A última gota foi-se com ele. Olho para os tubos sem pensar, pois já não consigo pensar. Sigo-lhes a trajectória e vejo luz, apenas luz. Os tubos estão cheios de um líquido azul. Assim se foi para o infinito, a minha vida, para que lá em cima, na luz, se lembrem de mim como era, não por fora, mas por dentro: Azul! Apenas e só, azul. O meu corpo, esse ficou cá em baixo.