terça-feira, 13 de maio de 2008

Cinco Jornadas

Cinco. Cinco jornadas diferentes, cada uma depois da anterior. Depois da tempestade e da ansiedade, da excitação, preocupação, da angústia, agonia, do bem-estar e da alegria, depois de decorridos todos os sentimentos que decorreram em cinco diferentes jornadas, finda a viagem e eu estou de novo sozinho, como sempre. Durante todo este tempo fui um turbilhão de sentimentos e sensações. No início, como de costume, a viagem ficou marcada por um profundo sentimento de preocupação. Descobrir novas terras não é algo que se faça de ânimo leve. Mas a chegada e o calor humano dissiparam-me as dúvidas. A preocupação deu lugar à curiosidade. Curiosidade em ver, ouvir, perceber e aprender. O meu espírito curioso sentiu-se nas nuvens. Depois veio a calma. Uma enorme e infindável calma que por momentos me fez duvidar daquilo que sei e naquilo em que acredito, porque nenhum de nós é detentor da razão absoluta, e a interrogação interior é de salutar. A calma durou dois dias, e foi mais tarde acompanhada pela harmonia com os outros e comigo mesmo. Ali naquela terra desconhecida encontrei entre desconhecidos algo que não encontrava há muito entre conhecidos e amigos: paz. Mas nada dura para sempre e ao quarto dia a paz deu lugar à euforia. À excitação, à atracção, ao desejo, à intimidade, ao convívio, à alegria, à partilha, dando mais tarde lugar à tempestade, ao turbilhão interior que limpa e esconjura a minha alma e o meu corpo. Depois da tempestade, a calma, de novo. Mas não uma calma como a outra. A outra calma era uma calma que me dava força e determinação. Com isso podia enfrentar o mundo, perder e mesmo assim sair a sorrir e de cabeça erguida. Já esta nova calma, era uma calma de contemplação. Depois da tormenta vem a calma, mas não traz nada de novo, apenas nos faz ver como estamos melhor do que anteriormente. Esta nova calma deixou-me inseguro e expectante. Voltei para o pequeno refúgio onde me encontro comigo mesmo, sempre. Mas não estava lá ninguém. Em vez disso, foi-se a calma e veio cansaço. Só cansaço, muito cansaço. Físico, mental e emocional, os três em igual medida. Depois disso, e já no fim da grande viagem, já sem nada nem ninguém que me faça sequer recordar tudo aquilo por que passei e tudo o que vivi, a única coisa que sinto são saudades. Saudades das pequenas viagens, saudades das coisas novas, saudades das coisas velhas, saudades das pessoas, saudades da música, saudades da paz, saudades dos pequenos, saudades dos grandes, saudades das noites, saudades dos dias, saudades dos risos, saudades dos sorrisos, saudades de mim (encontrei-me lá, vá-se lá saber como ou porquê), saudades da felicidade que transpirava aquele sítio. Sinto saudades do preto, dos encontros, das experiências partilhadas, da convivência, das piadas, do sono, do cheiro a chouriço, do despertar sem ter dormido, de mais viagens, do sossego, da união, física e espiritual, dos olhos que teimam em não fechar porque preferem a realidade ao sonho…

No fim da viagem de cinco jornadas, tudo o que me restou foram saudades. Saudades de mim, saudades de ti, saudades de nós.



An0rMaL_DoX6070

2 comentários:

Di disse...

pq achei q até tinha qq coisa a ver...

Chega de saudade - Tom Jobim

Vai, minha tristeza
E diz a ela que sem ela não pode ser
Diz lhe numa prece que ela regresse
Porque eu não posso mais sofrer
Chega de saudade, a realidade
É que sem ela não há paz, não há beleza
É só tristeza, e a melancolia
Que não sai de mim, não sai de mim, não sai
Mas se ela voltar, se ela voltar
Que coisa linda, que coisa louca
Pois há menos peixinhos a nadar no mar
Do que os beijinhos que eu darei na sua boca
Dentro dos meus braços os abraços
Hão de ser milhões de abraços apertado assim
Colado assim, calado assim
Abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim
Que é pra acabar com esse negócio
De viver longe de mim
Não quero mais esse negócio
De você viver assim
Vamos deixar desse negócio
De você viver sem mim

(apetece-te canta-la?)
***

An0rMaL_DoX6070 disse...

tem tudo a ver
lol
=)