sexta-feira, 14 de março de 2008

(Mais do que) "Palavras...II"

No post "Palavras..." falei sobre o mau uso do verbo "amar" por parte da maior parte de nós. Pois bem, a evolução é algo espantoso e aquilo em que eu acreditava piamente ontem pode ter passado a ser não mais que a certeza da sua inexistência. Não foi o caso. Não me interpretem mal, a minha opinião sobre o assunto mudou, mas ter a certeza da inexistência é algo simplesmente absurdo. No post "Palavras...", expressei o meu ponto de vista de que mais de metade das pessoas que usam o verbo amar deviam ser proibidas de o fazer, por não sentirem de facto aquilo que estão a dizer. No entanto, depois de uma breve discussão com alguém sobre o este mesmo assunto, cheguei a conclusões diferentes. À bocado escrevi que "ter a certeza da inexistência é algo absurdo", como tal, ter a certeza da existência de algo é igualmente absurdo. Isto acrescenta um novo ponto à discussão: não se pode ter a certeza de que amamos alguém. Isto pode parecer (e é-o um pouco) paradoxal em relação àquilo que escrevi no primeiro post, mas basicamente, o que quero dizer é o seguinte: amar não é uma característica de um indivíduo, é antes um estado. Tal como a minha opinião, aquilo que eu amo hoje, posso vir a detestar amanhã (é claro que há probabilidades envolvidas no meio de tudo isto, mas nunca são de 100%
). Outra coisa que reparei, já sozinho, foi que palavras não são mais do que meras representações imperfeitas daquilo que queremos exprimir. Apesar de termos à nossa disposição um infindável leque lexical, nunca conseguiremos cobrir todos os casos possíveis e imagináveis aplicáveis a cada indivíduo, a cada caso, a cada situação (but then again...voltamos à conversa de ser impossível afirmar o impossível [outro paradoxo...que belo que está a ficar este post -.-'], "só sei que nada sei"), o que faz com que a própria palavra amor tenha inúmeros sentidos. O sentido que atribuímos na maioria dos casos à palavra amor é um sentido demasiado utópico para nosso próprio bem. Neste sentido, uma pessoa que ama outra fá-lo incondicionalmente tendo em conta alguns critérios que podem variar de pessoa para pessoa (este tipo de amor passará a ser tratado por Amor, com A). Primeiro problema que nos é colocado: é impossível afirmar a certeza ou a impossibilidade de algo, logo, cortemos desde logo a palavra "incondicionalmente" da nossa definição do verbo amar. O segundo problema com que nos deparamos é: qual a extensão dos ditos critérios variáveis? Por exemplo, eu gosto do cão do vizinho porque corre bastante rápido. Será que o amo? Eu diria que não, mas quem sabe.... Ora, tendo tudo isto em conta, se se gostar de alguém, mesmo sem sendo o já referido amor utópico que todos insistimos em utilizar como 'O Amor', poderá ser legítimo dizer-se que se ama esse alguém, porque se gosta de muitas das características dessa pessoa. Talvez se dê o caso de que o aspecto não faça com que o dito Amor desperte, mas o amor está lá na mesma. Talvez seja o contrário, a admiração da beleza é de certo uma forma de amor, ainda que muitas vezes o resto das características do indivíduo nos impeçam de Amar, o que não significa que nos impede de amar.

De qualquer maneira, como já disse, as palavras são só palavras, e muitas vezes, para demonstrar Amor (que não existe na verdade, apenas existem simulacros bastante bons dele) valem tanto como nada. Não que não sejam importantes, mas não são o mais importante. Uma vez alguém me disse que conhecia quem se tivesse casado com outra pessoa mesmo sem a amar, porque essa pessoa lhe dava confiança, protecção, carinho, amizade, e porque não, Amor. Mas ao dizer isso, quem disse que se tinha casado sem amar estava errado. Podia não Amar, mas o amor estava presente, e a prova disso é tudo aquilo que foi dito (confiança, protecção, carinho, amizade, (A)amor). O que significa que as palavras enganam, e que muitas vezes é preciso confiarmos mais nos gestos e acções. Ao lembrar-me disto, e para terminar o post da melhor maneira (com música) lembrei-me também de uma música que não ouvia à imenso tempo: "More Than Words" dos Extreme. Termino então com a música e um excerto da letra.
Obrigado pela paciência (se a tiveram). Este é capaz de ter sido o texto mais lamechas que já alguma vez escrevi, se bem que gostei de o fazer. Algo preocupante, diria. Ou talvez não tanto...

Extreme - More Than Words

"Now I've tried to talk to you and make you understand
All you have to do is close your eyes
And just reach out your hands and touch me
Hold me close don't ever let me go
More than words is all I ever needed you to show
Then you wouldn't have to say that you love me
'Cause I already know"

Thanks for showing, thanks for saying, thanks for being...thank you!



PS.: Ao longo do post aparecem (excluindo esta frase) 25 referências ao amor, tanto na forma de substantivo (amor) como em verbo (amar). Não pensem muito nisto a não ser que achem mesmo que o devem fazer. Até depois...

3 comentários:

disse...

Engaraçado teres escolhido este tema para o teu post...
É claro que ja tenho uma teoria formada sobre o tema (eu e as minhas teorias) mas que ainda tem falhas...
Eu acho que se pode amar em diferentes graus e formas. Pode ser confuso perceber,mas tanto se ama um filho como o marido(para os que se casaram por amor), contudo sao amores diferentes. E com certeza a maneira como se ama num inicio de uma vida a dois nao sera igual ao amor do fim, tanto porque as pessoas mudam e esse sentimento tb vai amadurecendo com o passar da vida a dois. Não que se ame mais ou menos no fim, apenas de maneira diferente...

E amor tambem tem um significado diferente de pessoa para pessoa e cada um atribui-lhe as caracteristicas que quer. Achas uma forma de amor uma mulher que fica com alguem porque essa pessoa lhe da "confiança, protecção, carinho, amizade". É uma maneira de se ver o quadro. Eu considero-a alguem que joga pelo seguro. Não que nao seja feliz, mas um dia vai lhe faltar aquele quê!

E é isto a que eu chamo Amor: aquele quê que nao se sabe explicar,mas que nos deixa com borboletas na barriga e as pernas a tremer! E está é a essencia disto tudo...(nao fosse eu uma romentica congénita!)

e como diz a outra menina,
tenho dito!

Bjao gand********

Ecedess disse...

Finalmente..... Oo


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Anónimo disse...

O sentido que temos da palavra amor é variado e vai desde, como a butterfly disse, amar um filho é diferente de amar um marido. Disseste algures no post que nunca saberemos se realmente amámos alguem, talvez pela variedade de sentidos que se dá à palavra. Tu tens de formar o teu proprio sentido dela! Se achas que o amor nao é uma caracteristica mas sim um estado, és capaz de perceber se realmente amaste ou nao alguem. Essas coisas, se nao nos estivermos a enganar, sentimo-las. Mas pronto isto é uma opinião.. Pelo sentido que tomo da palavra, já amei e por ventura talvez seja capaz de amar alguem no futuro. Até lá vou amando as pessoas que tenho à minha volta e que gosto. (ok isto agora nao fez sentido LOL xD caga nisso)

Beijoquita